João Donato, compositor e pianista brasileiro que ajudou a lançar as bases da bossa nova, mas desafiou o confinamento a qualquer gênero, morreu aos 88 anos.
Donato nasceu na região amazônica do Brasil em 1934 e começou a tocar acordeon ainda criança. Donato compôs aos sete anos a primeira música, Nini, e se exercitou como músico no toque de flautas e até cavaquinho. Até se decidir pelo acordeom e, depois, pelo piano, quando já havia migrado da cidade natal de Rio Branco (AC) para a efervescência carioca do Rio de Janeiro (RJ), em viagem feita com a família em 1945.
Ele se mudou para o Rio de Janeiro na década de 1950 e tornou-se parte da próspera cena musical da cidade. Ele trabalhou com alguns dos músicos mais famosos do Brasil. Joao Donato foi amigo e parceiro de Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994) e João Gilberto (1931 – 2019), expoentes mundiais da onda sonora que se ergueu no mar do Brasil em 1958, mas a bossa do som de Donato era outra, pautada pela música brasileira, com ritmos da América Latina e também com o jazz.
Donato partiu em 1959 para o México e, de lá, rumou para Los Angeles (EUA) em busca do jazz dos Estados Unidos, país onde tocou em orquestras de música latina e onde, mais tarde, já reconhecido entre os músicos norte-americanos de jazz, gravou discos como The new sound of Brazil – Piano of João Donato (1965) e A bad Donato (1970), álbum pautado por som elétrico que ganharia status de cult com o tempo.
Voltou ao Brasil rapidamente entre 1962 e 1963, o que gerou discos como Muito à vontade (1962) e A bossa muito moderna de João Donato (1963), mas o retorno mais importante foi em fins de 1972. Essa volta, prolongada a pedido dos amigos, resultou no definidor álbum Quem é quem.
O último álbum de Joao Donato foi Serotonina (2022), lançado em agosto do ano passado, no 88º aniversário do músico, soou repleto de jovialidade em dez músicas inéditas nas quais Donato celebrou o prazer de fazer música e de viver.
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