Faleceu nessa quinta-feira (20) às 15h30 a cantora Elza Soares, aos 91 anos. Ela morreu em sua casa no Rio de Janeiro, de causas naturais. Em 60 anos de carreira e 34 discos, Elza lançou canções icônicas como “Canta, Canta Minha Gente“, “Maria da Vila Matilde” e “Façamos (Vamos Amar)“. Um dos maiores nomes da música brasileira, ela foi eleita Voz do Milênio. Também é considerada um exemplo de superação, em uma carreira de altos e baixos que atingiu o auge em plena terceira idade.
Elza Gomes da Conceição iniciou sua carreira no samba no final dos anos 1950. O início veio como parte da cena do sambalanço com “Se Acaso Você Chegasse”, em 1959. Daí, sucederam-se “O samba é Elza Soares” (1961), “Sambossa” (1963), “Na roda do samba” (1964) e “Um show de Elza” (1965).
A década seguinte também trouxe sucessos. Entre eles dois sambas de exaltação a escolas de samba do Rio de Janeiro (ambos de 1974): “Bom Dia Portela” e “Salve a Mocidade”. A escola de Padre Miguel adotou “Salve” como seu hino, e no carnaval de 2020 homenageou Elza com o enredo “Elza Deusa Soares”. Dessa fase também saíram “Pranto livre” (Dida e Everaldo da Viola, 1974) e “Malandro” (Jorge Aragão e Jotabê, 1976).
Nos anos 80 enfrentou o ostracismo e chegou a pensar em desistir da carreira. Pediu ajuda a Caetano Veloso, que logo a convidou para participar de seu álbum “Velô” (1984), na faixa “Língua”, um samba-rap. No ano seguinte, lançou o disco Somos Todos Iguais, que tinha música de Cazuza.
Nos anos 2000, Elza começava a gozar de um status cult e realizou trabalhos que dialogavam com a nova geração. Em 2002 lançou “Do cóccix até o pescoço”. No ano seguinte, gravou um álbum voltado para a música eletrônica, “Vivo feliz”.
Mas foi com “A mulher do fim do mundo”, de 2015, que a cantora consolidou seu renascimento artístico, aos 85 anos. Com músicas como A Carne, do disco de 2002, e Maria da Vila Matilde (de 2015) foi catapultada ao posto de porta-voz dos direitos das mulheres, do antirracismo e da anti-homofobia, sendo abraçada pelas minorias e apoiadores da diversidade.
Seu último disco foi “Planeta Fome”, de 2019. O título é uma referência à resposta que deu a Ary Barroso no programa de calouros que participou nos anos 50. “De que planeta você vem, menina?”, ele perguntou. E ela respondeu: “Do mesmo planeta que você, seu Ary. Eu venho do Planeta Fome.”
Em junho de 2018 estreou no Rio de Janeiro o musical inspirado na vida de Elza Soares. “Elza”, escrito por Vinicius Calderoni, mostra várias atrizes interpretando diferentes fases da cantora. O musical passou por dezenas de cidades no Brasil, levou mais de 120 mil espectadores aos teatros, e ganhou prêmios, entre eles o Shell (Melhor Música) e APCA (Melhor Dramaturgia)
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