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Paul McCartney 80 Anos – Parte II: Os singles

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Continuando a série de textos em homenagem aos 80 anos de Sir Paul McCartney, a Revista Ambrosia vai falar das canções lançadas em singles (desde a época dos Beatles) e que merecem estar no rol das melhores já lançadas por ele.

Paul McCartney 80 Anos – Parte I: Os discos

Antes, porém, é preciso contextualizar um pouco essa história. Praticamente desde o início da carreira com os Beatles, ficou decidido que as músicas lançadas em singles não entrariam nos álbuns.

Essa regra (usada nos lançamentos ingleses, que são os que norteiam esse texto) seguiu por mais de uma década, com poucas exceções.

O contrato dos Beatles com a EMI previa o lançamento de dois álbuns por ano e, pelo menos, dois singles, o que poderia causar uma queda na qualidade das composições, o que nunca aconteceu.

Para complicar um pouco mais, ainda existiam os EPs (hoje bastante comuns nos streamings) e as diferenças entre as versões mono e estéreo.

E, para deixar a situação ainda mais complexa para os fãs, um dos poucos defeitos (musicalmente falando) de Paul é nem sempre saber escolher corretamente quais canções deveriam entrar nos álbuns ou estarem nos lados A dos singles.

Isso significa que há muitas canções de primeira linha escondidas em lados B ou em faixas extras de CDs single.

Bem, vamos colocar em destaque os que consideramos mais importantes, já que citar todos os singles tornaria esse texto em outra série de oito publicações.

Com os Beatles

“From Me to You”/”Thank You Girl” (abril de 1963) — O terceiro single lançado pelos Beatles inaugurou a tradição de não incluir os singles nos LPs. “From Me to You” chegou ao primeiro lugar da parada inglesa e foi resgatada por Paul em alguns de seus shows de 2018.

“She Loves You”/”I’ll Get You” (agosto de 1963) — Apesar de ser um dos maiores sucessos dos Beatles, “She Loves You” nunca entrou no repertório de Paul. Já “I’ll Get You”, o lado B, foi tocado na turnê de 2005.

“I Want to Hold Your Hand”/”This Boy” (outubro de 1963) — Outro single de grande importância para os Beatles, já que foi com “I Want to Hold Your Hand” que a banda se consolidou nos EUA.

“I Feel Fine”/”She’s a Woman” (novembro de 1964) — O uso do feedback foi mais uma “inovação” dos Beatles. Paul tocou “She’s a Woman” em alguns shows na década de 90.

“Help!”/”I’m Down” (julho de 1965) — Uma das exceções à regra, já que “Help” era a faixa-título do sexto disco da banda (e também dava nome ao segundo filme dos Beatles), trazia em seu lado B um rockão de Paul que foi gravado no mesmo dia da balada “Yesterday”. “I’m Down” fez, brevemente, parte do repertório de McCartney em 2001 e 2009.

“We Can Work It Out”/”Day Tripper” (dezembro de 1965) — Lançado como um single de duplo lado A, o disco, para variar, chegou ao primeiro lugar das paradas e as duas canções aparecem nos shows de Paul até hoje.

“Paperback Writer”/”Rain” (maio de 1966) — Um single que mistura psicodelia e Beach Boys. Pode-se se dizer que marca o início da “fase adulta dos Beatles”. Vira e mexe, “Paperback Writer” é tocada por Paul em algum concerto pelo mundo.

“Penny Lane”/”Strawberry Fields Forever” (fevereiro de 1967) — Psicodelia e nostalgia em duas canções que falam sobre Liverpool, a cidade natal dos quatro Beatles. Apesar de ser um dos melhores singles da banda, chegou apenas ao 2º lugar na parada britânica.

“Lady Madonna”/”The Inner Light” (março de 1968) — Um rockão e uma música indiana. Pode parecer uma mistura estranha, mas fez sucesso. “Lady Madonna” foi/é uma das favoritas de Paul em seus shows por décadas.

“Hey Jude”/”Revolution” (agosto de 1968) — Provavelmente o maior single da carreira da banda. Para inaugurar o seu selo (Apple) nada melhor que uma mega balada McCartniana e um rock de primeira de John Lennon. Não há quem tenha ido a um show de Paul McCartney e não tenha feito o coro de “na na nas” que marcam o fim de “Hey Jude”.

“Get Back”/”Don’t Let Me Down” (abril de 1969) — Embora “Get Back” também tenha sido lançada no LP “Let it Be”, em 1970, a versão do single, lançada um ano antes, é diferente. Produzida por George Martin, tem mixagem e final diferentes (e melhores) que o que pode ser ouvido no LP.

“The Ballad of John and Yoko”/”Old Brown Shoe” (maio de 1969) — Uma canção escrita por John Lennon e outra por George Harrison. Então, qual a razão de aparecer em uma relação de singles onde o protagonista é Paul McCartney? Bem, é simples. “The Ballad of John and Yoko” é o exemplo perfeito de que, apesar das brigas, Lennon e McCartney confiavam um no outro. São só os dois na gravação da canção, com Paul na bateria, baixo, piano, vocais de apoio e percussão.

Solo 1971

“Another Day”/”Oh Woman, Oh Why” (fevereiro de 1971) — O primeiro (e único) single lançado por Paul com canções que não estão em nenhum LP antes da formação dos Wings (sua nova banda). As duas canções são de altíssima qualidade e devem fazer parte de qualquer playlist do artista.

Com os Wings

“Give Ireland Back to the Irish”/”Give Ireland Back to the Irish (instrumental version)” (fevereiro de 1972) — O primeiro single dos Wings foi uma canção que falava da opressão aos irlandeses e fazia referência ao massacre do Sunday Bloody Sunday, que inspirou canções de John Lennon e do U2, entre outros). Não fez muito sucesso, foi banida pela BBC, mas é interessante ver Paul cantando sobre política.

“Mary Had a Little Lamb”/”Little Woman Love” (março de 1972) — Em protesto pelo banimento de “Give Ireland Back to the Irish” pela BBC, Paul lançou essa canção infantil como segundo single dos Wings. Chegou ao top 10, mas o que mais chama a atenção é o lado B, que merecia um lugar de mais destaque. O próprio Paul deve ter se tocado disso e incluiu a canção em vários shows entre 1972 e 1975.

“Hi, Hi, Hi”/”C Moon” (dezembro de 1972) — Parece que Paul estava mesmo em uma fase de “arrumar confusão”. “Hi, Hi, Hi” foi outra cançao banida pela BBC, agora por conta das suas alusões a sexo. As duas canções estão entre as preferidas de McCartney que praticamente toca “C Moon” em todos os shows ou passagens de som desde o seu lançamento.

“Live and Let Die”/”I Lie Around” (junho de 1973) — Primeiro rock a ser usado como tema de um filme de James Bond, “Live and Let Die” se tornou um clássico. Produção de George Martin.

“Helen Wheels”/”Country Dreamer” (outubro de 1973) — Gravado durante as sessões do álbum “Band on the Run” e inspirado no jipe Land Rover de Paul que tinha o apelido de “Inferno sobre rodas” (hell on wheels). As duas são boas canções e o single chegou ao top 10 nos EUA. Na opinião desse que vos escreve, “Country Dreamer” é até melhor que o lado A do compacto.

“Junior’s Farm”/”Sally G” (outubro de 1974) — Um dos melhores singles da carreira de McCartney. Um pop/rock de alta qualidade no lado A e um country que nem parece feito por um inglês no lado B.

“Mull of Kintyre”/”Girls’ School” (novembro de 1977) — Um caso interessante na carreira de Paul. A valsa escocesa se tornou o single mais vendido no Reino Unido (só perdeu o posto em 1984 para “Do They Know it’s Xmas?”, do Band Aid) e fez grande sucesso em vários países, inclusive o Brasil. Porém, nos EUA os DJs preferiram o lado B para a divulgação. Resultado: fracasso na parada e desconhecimento do público para esse mega hit.

“Goodnight Tonight”/”Daytime Nighttime Suffering” (março de 1979) — Se a canção disco do lado A fez muito sucesso, a faixa que está no lado B é uma das melhores composições de Paul na década. Pena que pouca gente conhece.

“Wonderful Christmastime”/”Rudolph the Red-Nosed” (novembro de 1979) — Para fechar a década, um single natalino. Oficialmente este é um lançamento solo de Paul, mas o clipe é com os Wings e a música fez parte do repertório da turnê da banda em 1979.

Carreira solo

“Coming Up”/”Coming Up (Live at Glasgow)” (Wings)/”Lunchbox/Odd Sox” (abril de 1980) — Para iniciar a carreira solo Paul escolheu a melhor canção do álbum “McCartney II”. Entretanto, é a versão ao vivo (com os Wings) que merece destaque; A outra faixa, “Lunchbox/Odd Sox” é uma sobra das gravações do disco “Venus and Mars”, de 1975.

“Temporary Secretary”/”Secret Friend” (setembro de 1980) — Um dos mais estranhos singles de Paul. Duas canções que não parecem com nada feito pelo ex-beatle até então. Outra curiosidade é que “Secret Friend” era, até então, a canção mais longa já lançada por Paul.

“Say Say Say”/”Ode to a Koala Bear” (outubro de 1983) — Certa vez Paul disse que se tivesse que ser um animal seria um urso koala. Bem, o lado B do dueto com Michael Jackson é, literalmente, uma ode ao urso koala.

“We All Stand Together”/”We All Stand Together (humming version)” (novembro de 1984) — Lançada na trilha sonora de um desenho animado, a belíssima “We All Stand Together” fez grande sucesso no Reino Unido.

“Spies Like Us”/”My Carnival” (Wings)/”Spies Like Us (alternative mix)” (novembro de 1985) — Canção-título do filme “Espiões que Entraram Numa Fria”, estrelado por Chevy Chase, Dan Aykroyd) o single “Spies Like Us” teve a qualidade de resgatar a ótima “My Carnival” (outra sobra do LP “Venus and Mars’), embora em uma mixagem não muito feliz.

“Once Upon a Long Ago”/”Back on My Feet” (novembro de 1987) — Outro single que mostra a excelência de McCartney como compositor. Se “Once Upon a Long Ago” é melodia pura, “Back on My Feet” dava mostras que a parceria com Elvis Costello seria muito produtiva.

“Figure of Eight”/”Où Est le Soleil?”/”Loveliest Thing”/”Rough Ride”/”The Long and Winding Road” (novembro de 1989) — Lançado em formato de 12 polegadas, esta versão do single (foram cinco) traz regravações de “Rough Ride” e “The Long and Winding Road”, além da belíssima “Loveliest Thing”, uma daquelas baladas ao piano que só Paul McCartney sabe fazer.

“Put It There”/b/w “Mama’s Little Girl” (Wings)/”Same Time Next Year” (fevereiro de 1990) — Lançado poucos meses antes da primeira visita de Macca ao Brasil, o CD single usou uma canção dos anos 1970 e outra que havia sido recusada para ser tema do filme de mesmo nome como faixas extras.

“Hope of Deliverance”/”Big Boys Bickering”/”Long Leather Coat”/”Kicked Around No More” (dezembro de 1992) — Não é comum ver Paul McCartney de mau humor, ainda mais falando palavrões, mas é exatamente isso que temos em “Big Boys Bickering”, uma canção bem lado B. Porém as outras duas faixas extras desse CD single deveriam estar no álbum “Off the Ground”, já que são muito melhores que várias das que foram escolhidas para o disco.

“(I Want to) Come Home” (março de 2010) — Música que toca durante os créditos do filme “Everybody’s Fine, com Robert De Niro, é uma daquelas baladas que apaixonam desde a primeira audição.

“Hope for the Future” (setembro de 2014) — Lançada como parte da trilha sonora do game Destiny, “Hope for the Future” era uma aposta de McCartney para voltar às paradas. Falhou pesadamente.

Estes são os singles que consideramos mais relevantes. Ainda há aparições em álbuns de outros artistas e algumas trilhas sonoras, mas isso será abordado em outro texto.

Amanhã: Paul e a formação dos Wings.

Leia mais sobre Paul McCartney na Ambrosia

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