De 15 de dezembro de 2022 a 05 de março de 2023, o BDMG Cultural recebe a exposição Bordados da Terra e do Céu que apresenta o trabalho primoroso de dois grupos de artesãs do Vale do Jequitinhonha: as Bordadeiras do Curtume e as Mulheres da Ponte. As peças bordadas, carregadas de simbolismos, narram um cotidiano regido pela ancestralidade, em que saberes e conhecimentos são passados de geração em geração. A mostra fica em cartaz na Galeria de Arte BDMG Cultural, diariamente, com entrada gratuita, e dialoga com o encerramento do Ano da Mineiridade, tema proposto pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais para o ano de 2022.
As mulheres bordadeiras são também agricultoras, conhecedoras das plantas e das sementes, benzedeiras, parteiras, batuqueiras, jogadoras de verso, tecelãs, fiandeiras, mães, devotas. Essa infinidade de seres e de saberes se manifestam cotidianamente e de forma integrada. Os bordados trazem toda a força e a beleza desse modo de viver, que ainda se encontra preservado.
Os três conjuntos que compõem os Bordados da Terra e do Céu têm em comum os tons terrosos que caracterizam a paisagem do Vale do Jequitinhonha. Antigamente usada para pintar paredes e fogões, as terras coloridas da região estão hoje sendo usadas para dar cor aos tecidos, que posteriormente são bordados pelas artesãs. Branco, marrom, avermelhado e rosa são algumas das infinitas colorações da terra da região.
O uso da tinta de terra é uma homenagem à tradição do barreamento de paredes e fornalhas. A terra, escolhida e coletada em função da sua qualidade e da sua tonalidade, vem há gerações sendo usada para revestir o interior das casas, que antigamente eram feitas em adobe e taipa. O formato das peças bordadas celebram a tradição popular dos estandartes e das bandeiras. Elementos simbólicos que comunicam a devoção, são amplamente usados nas festividades religiosas do Vale do Jequitinhonha e das demais regiões brasileiras, como a Festa do Rosário, o congado, a Folia de Reis, entre outros.
VIVÊNCIAS E EDUCATIVAS
Após a abertura da exposição, as pessoas interessadas poderão participar de duas vivências educativas junto às bordadeiras:
No dia 16 de dezembro, das 10h às 12h, acontece o encontro Rodas de Verso. Jogar verso, como se diz no Vale do Jequitinhonha, é uma tradição de toda a região. Nas celebrações de colheita, nos encontros das comunidades, nas festas de nascimento, as pessoas se juntam para cantar rodas de verso.Os versos são “jogados” individualmente, e podem ser cantados de improviso ou fazer parte de um repertório tradicional, podem ser de “bem querer” ou de desafio.Durante a vivência, as artesãs irão puxar uma roda, convidando a todos para entrar na brincadeira.
Na mesma data, das 14h às 18h, acontece o encontro Bordados e Tinta de Terra, no qual o público terá a oportunidade de conversar com quatro artesãs integrantes do grupo Bordadeiras do Curtume, enquanto aprendem técnicas básicas do ponto cheio. Além de bordar, os participantes irão conhecer o processo de fabricação das tintas de terra, usadas na pintura dos tecidos.
As oficinas serão oferecidas com inscrições gratuitas que podem ser realizadas pelo site BDMG Cultural e serão realizadas na Varanda da Galeria de Arte.
SOBRE AS BORDADEIRAS DO CURTUME
As Bordadeiras do Curtume são um grupo que reúne mulheres residentes na comunidade quilombola de mesmo nome, no município de Jenipapo de Minas, no Médio Jequitinhonha.
Os bordados são produzidos a partir das ilustrações autorais assinadas por Diogo Guimarães, filho da bordadeira Maria do Carmo Guimarães. Seus desenhos narram a vida no sertão de Minas, com suas alegrias e seus desafios.
Composta por 41 peças, a coleção de bordados assinada por este grupo e intitulada
O que sou, o que sei joga luz sobre os saberes e os fazeres das mulheres do Vale do Jequitinhonha, celebrando a imensa variedade de conhecimentos passados de mãe para filha e de vó para neta.
Roçar, fiar e tecer, bordar, cuidar da casa, da família e dos animais, plantar horta, cozinhar e preparar o alimento, benzer, partejar, jogar verso e batucar são algumas das atividades que compõem o dia-a-dia das bordadeiras, refletindo um modo de vida regido pela ancestralidade.
SOBRE AS MULHERES DA PONTE
Mulheres da Ponte é um grupo de bordadeiras composto por oito mulheres, todas de uma mesma família.
Dona Tereza, a matriarca, é uma senhora de 78 anos. Maria é a filha, as demais são netas. Além do bordado, herdaram o amplo conhecimento que Dona Tereza e Maria têm das plantas, com todas as suas propriedades de cura; e da terra, com as suas infinitas tonalidades.
Com desenhos autorais assinados por Maria, os bordados do grupo celebram o modo de vida conectado à natureza, e o conhecimento profundo que essas mulheres guardam das plantas e da terra.
A coleção ‘Sobre Terra, Plantas e Pássaros’ destaca os pássaros e as árvores da região de Diamantina – são sabiás, bem-te-vis, canários-da-terra, sangues-de-boi e pássaros pretos que voam por pequizeiros, amoreiras, ipês e jaboticabeiras.
As ilustrações, carregadas de simbologia, traduzem a essência dessas mulheres. Firmes e ao mesmo tempo delicadas; fortes em suas raízes, mas dispostas a alçar vôos.
‘Sobre Terra, Plantas e Mulheres’ é um conjunto de bordados fruto da colaboração entre as Mulheres da Ponte e as Bordadeiras do Curtume. Com ilustrações de Maria, do grupo Mulheres da Ponte, as peças foram produzidas pelas Bordadeiras do Curtume.
Os bordados trazem o conhecimento local das plantas e das ervas, semeadas em hortas ou coletadas no mato, usadas para a fabricação de remédios caseiros que aliviam os males do corpo e da alma.
MULHERES DO JEQUITINHONHA
As Bordadeiras do Curtume e as Mulheres da Ponte integram o projeto Mulheres do Jequitinhonha, que busca o fortalecimento de mulheres rurais e quilombolas a partir da valorização dos seus saberes e da cultura local.
O projeto é uma iniciativa da Tingui, organização sem fins lucrativos que atua no desenvolvimento de projetos sócio-culturais e sócio-ambientais visando proporcionar melhoria na qualidade de vida de moradores de comunidades rurais do Vale do Jequitinhonha.
BORDADEIRAS DO CURTUME:
- Andressa Guimarães
- Antônia das Graças Caldas
- Aparecida Leite Guimarães
- Beatriz dos Santos Pereira
- Daiana Tavares dos Santos
- Denise Cristina Nogueira Tavares
- Emilia Santiago Lima
- Maria Aparecida Leite
- Maria do Carmo Guimarães
- Maria Eneia Leita
- Maria Ilza de Oliveira
- Maria Rita Pinheiro
- Maria Stéfani Ribeiro Leite
- Márcia Pereira dos Santos
- Marli de Jesus Costa
- Maura Gomes Guimarães
- Michele Carvalho Pinheiro
- Nilza de Jesus Costa
- Pâmela Raissa de Sousa Ferreira
- Patricia Carvalho Chaves
- Rosângela Santana de Oliveira de Jesus
- Sandra Ferreira da Rocha
- Silvana Ferreira Guimarães
- Sidineia Ferreira Moreira
- Valdivia Leite Guimarães
- Ilustrador: Diogo Guimarães
MULHERES DA PONTE:
- Adriele Gabriel Ribeiro
- Denise Cristina Alves
- Ednilha Aparecida Alves
- Luciene de Jesus Gabriel
- Lucyelma Rafaela Aparecida Dias Gabriel
- Luziane de Fátima Gabriel
- Maria José de Lourdes Alves
- Terezinha Regina Gabriel
O BDMG Cultural integra o Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) e que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo.
SERVIÇO
Quando: 15 de dezembro de 2022 a 05 de março de 2023
Abertura: 15 de dezembro, às 19h, com a presença das artesãs, que jogarão versinhos com o público presente
Onde: Galeria de Arte BDMG Cultural – Rua Bernardo Guimarães, 1600 – Lourdes
Funcionamento: Diariamente, das 10h às 18h. Às quintas, das 10h às 22h. Fechado nos feriados: 25/12, 01/01, 20/02 (véspera carnaval) e 21/02 (carnaval). Nos dias 24 e 31/12, a Galeria funciona das 10h às 13h. No dia 22/02 (quarta de cinzas), a Galeria funciona das 13h às 18h. Entrada gratuita
Acessibilidade: a mostra conta com audiodescrição de algumas obras.
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