O escritor Alexandre Dumas ficou famoso por escrever histórias principalmente sobre um personagem incomum que teve que estar à altura da ocasião em circunstâncias extraordinárias. Indiscutivelmente, Os Três Mosqueteiros e O Conde Monte Cristo se destacam como algumas das melhores literaturas de todos os tempos, e as adaptações para o cinema criaram algumas das mais incríveis narrativas de capa e espada colocadas na telona.
O pouco ouvido e raramente visto O Cavaleiro Vingador (“Le Bossu”, 1997) do romance francês de Paul Feval de mesmo nome, de longe, apresenta algumas das mais emocionantes lutas de esgrimas com uma história que se compara ao melhor trabalho de Dumas. O que é curioso é que o livro já foi adaptado três vezes anteriormente, com René Sti (1897-191) em 1934, por Jean Delannoy (1908-2008) em 1944 e por principalmente André Hunebelle (1996-1985) ,em 1959, mas foi essa adaptação que ficou mais conhecida.
Sinopse:
França, século XVII, durante o reinado de Luís XIII. Quando um querido amigo, o duque de Nevers, é traiçoeiramente assassinado por um parente poderoso, um habilidoso espadachim, o nobre Henri de Lagardère, busca sua legítima vingança enquanto tenta proteger a vida inocente do último herdeiro do duque.
Grande parte do filme é aventura e humor, alguns dos quais só podem ser produto dos franceses (“Já tentou sodomia, meu amigo?”), o roteiro é bem próximo de muitas produções hollywoodianas, com bastante ação e buracos no desenrolar da história (o ataque à festa de casamento, a fuga de Lagardère, a reviravolta sentimental de Aurore, etc.)
Ainda assim, Daniel Auteuil como Lagardere é o golpe de mestre do filme; o personagem se mostra capaz de ser um defensor parecido com um mosqueteiro, um pai amoroso e uma alma gêmea perdida para a adorável Aurore, ao mesmo tempo em que mantém seu senso de dever aliado a um grande senso de humor.
O filme foi filmado em belas locações, e o som é muito vibrante. O Cavaleiro Vingador é uma boa adaptação que merece ser descoberta por um público muito maior, para aproveitar a nostalgia de um cinema de outrora que encantava as tardes televisivas de nosso infância.
ONDE ASSISTIR: no youtube, em francês e em alemão.
Homenagem Póstuma: Jacques Sereys (1928-2022)
Um dos maiores atores franceses Jacques Sereys morreu na noite de 31 de dezembro de 2022, aos 94 anos, no filme O Cavaleiro Vingador (Le Bossu,1997) interpretou o Barão de Caylus, avô da jovem herdeira Aurore, assassinado no início do filme (foto abaixo).
Nascido em 2 de junho de 1928 em Saint-Maurice, filho de pai desconhecido, foi criado pela avó, cozinheira em casas de classe média, e pela mãe, bordadeira em Marselha. Começou como office boy no Crédit Lyonnais antes de desembarcar em Paris em 1947, impulsionado por seu desejo de se tornar um ator. “Aos dezenove anos, li os clássicos, perdia o sotaque e passei no Conservatório.”, escreve no seu site a Comédie-Française onde ingressou em 1955 onde ficou até 1965 e retornou de 1978 até 1997 na casa de Molière, passando por um repertório variado (Marivaux, Genet, Corneille, Goldoni ou mesmo Feydeau).
Em 2006, ele ganhou o Molière de melhor ator, bem como um prêmio de Honra em 2015 por toda a sua carreira. Ele fez incursões no cinema, notadamente com seu papel como chefe dos serviços secretos ao lado de Yves Montand em “I… como Ícaro” de Henri Verneuil (1979) e outros papéis secundários, como o rei Louis XVI em uma série.
Foi casado com a atriz e baronesa Philippine de Rothschild (1933-2014) com a qual teve dois filhos, os empresários Philippe e Camille, e dez netos.
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